Três questões do Enem 2025 são anuladas após suspeita de vazamento
Redação
Investigação
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 voltou ao centro das atenções nesta semana após o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anular três questões aplicadas no segundo dia de provas, realizado no domingo (17). A decisão ocorreu depois da circulação de vídeos e materiais de um monitor pré-vestibular do Ceará que teria antecipado itens idênticos aos da avaliação oficial.
Segundo o Inep, relatos de estudantes que identificaram semelhanças entre a prova e conteúdos publicados pelo universitário Edcley Teixeira motivaram a análise interna e a consequente anulação das questões. O instituto informou ainda que a Polícia Federal será acionada para investigar possível violação de sigilo.
Em suas redes sociais, Edcley — estudante de Medicina em Sobral e criador de uma monitoria online — exibiu comparativos entre exercícios supostamente autorais e questões que caíram na prova de Matemática e Ciências da Natureza. Os itens utilizavam até os mesmos números, enunciados e ordem de alternativas.
Vídeos publicados no YouTube mostram que ele teria resolvido, cinco dias antes do exame, questões praticamente idênticas às verificadas no Enem 2025.
A partir de segunda-feira (18), candidatos passaram a marcar o Inep, o Ministério da Educação e o ministro Camilo Santana para cobrar esclarecimentos. Parte dos estudantes relatou frustração e desconfiança sobre a lisura da seleção.
Em nota oficial, o Inep afirmou que nenhuma questão usada no exame foi apresentada integralmente antes da aplicação, mas reconheceu “similaridades pontuais” com conteúdos publicados pelo monitor.
A autarquia destacou que a PF investigará a autoria e a conduta na divulgação de materiais para apurar eventual quebra de sigilo ou má-fé. Os protocolos de segurança do Banco Nacional de Itens, segundo o instituto, teriam sido cumpridos integralmente.
Após a repercussão, Edcley gravou vídeos afirmando que o Enem é “previsível” e que utiliza padrões da TRI (Teoria de Resposta ao Item) para antecipar temas. Disse também que acompanha chamadas públicas para identificar possíveis elaboradores das provas e estuda artigos acadêmicos deles, apostando que esses conteúdos seriam “reciclados”.
Ele afirma já ter previsto questões em edições passadas, como 2023 e 2024, e rejeita que tenha acessado materiais sigilosos.
A suspeita levou uma mãe de candidata no Ceará a protocolar denúncia no Ministério Público Federal, afirmando que a filha ficou abalada após perceber que possíveis concorrentes tiveram acesso prévio aos itens. Para ela, a amplitude da suspeita “descredibiliza o processo seletivo”.
O MPF, porém, informou que ainda não abriu procedimento oficial sobre o caso
Desdobramentos
Com a anulação das três questões, o cálculo das notas será ajustado com base no desempenho dos candidatos nos demais itens, procedimento previsto pela TRI. O Inep reafirma que seguirá monitorando quaisquer potenciais brechas de segurança para garantir a integridade do exame.
O caso segue em investigação e pode gerar mudanças nos protocolos de elaboração e sigilo das provas das próximas edições do Enem.