Mauro defende anistia e pede que país supere 8 de janeiro
Redação
OPINIÃO
Em meio ao novo cenário político após a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), reiterou sua defesa pela anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Para ele, a medida permitiria ao país encerrar um capítulo desgastante e direcionar as atenções para questões urgentes, como economia, déficit público e avanço da criminalidade.
Mendes afirma que a discussão sobre anistia não é nova e lembra que o tema chegou a avançar no Congresso Nacional. “Sempre defendi que era preciso virar essa página. O país não aguenta mais continuar nesse debate infinito sobre 8 de janeiro”, disse o governador, destacando que sua posição permanece a mesma apesar das mudanças no cenário político.
O posicionamento de Mendes ocorre em um momento delicado: Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal, decisão tomada pelo ministro Alexandre de Moraes após o ex-presidente tentar romper a tornozeleira eletrônica. A prisão alterou a mobilização da base bolsonarista, que antes pressionava com força pela aprovação de um projeto de anistia na Câmara dos Deputados.
Mesmo diante desse novo ambiente, Mendes afirma que ainda vê na anistia um caminho para pacificar o país. Segundo ele, o foco deveria estar em temas como o aumento da violência, o crescimento das facções criminosas e o grande déficit fiscal do governo federal.
Durante sua fala, o governador voltou a relativizar os crimes atribuídos ao ex-presidente. “Qual foi o crime que de fato o Bolsonaro cometeu? Você viu um golpe? Viu um tiro? Viu algo acontecendo de verdade no mundo real? Ninguém viu”, declarou, sugerindo que as condenações não configuram tentativa efetiva de golpe.
Ele também citou episódios históricos, lembrando que o Brasil já concedeu anistia a diferentes grupos — incluindo, segundo ele, sequestradores e assaltantes — e mencionou invasões do MST a prédios públicos como exemplo de ações que não resultaram em punições semelhantes.
Apesar das comparações feitas por Mendes, a Lei da Anistia de 1979 excluiu explicitamente do benefício os crimes de terrorismo, sequestro, assalto e atentado pessoal. No entanto, acusados sem condenação definitiva foram, na prática, favorecidos no período de transição para a democracia.
Mesmo com apoio reduzido entre articuladores políticos, parte da base bolsonarista ainda vê na anistia a última esperança de reverter a situação de Bolsonaro e de reabilitá-lo politicamente para 2026 — cenário agora improvável diante da prisão.
Para Mauro Mendes, porém, o mais importante seria o país deslocar o debate para prioridades que afetam diretamente a vida da população. “Precisamos tratar dos problemas reais do Brasil. A anistia permitiria focar nisso”, concluiu.