Jayme considera “surreal” episódio da tornozeleira, mas evita confronto com Bolsonaro
Redação
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O senador Jayme Campos (União Brasil) classificou como “quase surreal” a revelação de que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tentou abrir sua tornozeleira eletrônica com um ferro de solda por suspeitar que o aparelho pudesse estar gravando suas conversas. O parlamentar, porém, evitou críticas diretas e ressaltou que Bolsonaro é plenamente responsável por suas escolhas.
Segundo Jayme, a atitude narrada pela imprensa revela um comportamento inusitado, mas não muda o fato de que o ex-presidente tem experiência suficiente para compreender as consequências de seus atos. “É algo quase surreal, mas ele é um homem maduro, com 70 anos, já governou o país, foi deputado federal e sabia o que estava fazendo”, afirmou.
A tentativa de violar o equipamento consta em relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seap), enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF). O documento inclui um vídeo no qual o próprio Bolsonaro confirma que tentou manipular o dispositivo. Ele alegou que desconfiava estar sendo monitorado além dos limites legais e que agiu por curiosidade.
Jayme destacou que não vê elementos que indiquem intenção de fuga, reforçando que o histórico do ex-presidente não aponta para esse tipo de comportamento. Para o senador, embora Bolsonaro tenha descumprido regras, sua condição de ex-chefe de Estado e seu quadro de saúde poderiam ter sido analisados com menos rigor.
“A Justiça tomou uma decisão, e devemos respeitá-la. Mas não acredito nessa tese de fuga. Houve, sim, certa desproporção nas punições aplicadas a alguns investigados do 8 de janeiro, que receberam penas muito duras”, declarou. Ele citou o caso de uma ré condenada a 17 anos por depredar uma estátua com batom, além de multa milionária.
Durante a entrevista, o senador também comentou o clima político nacional, dizendo que a escalada de tensões prejudica o país em temas estratégicos — como a recente disputa comercial com os Estados Unidos sobre tarifas de exportação. Para Jayme, o Brasil precisa “retomar a paz, a harmonia e a sensatez” para evitar novos conflitos institucionais.
Sobre o debate envolvendo as urnas eletrônicas, Jayme reafirmou a legitimidade dos resultados e criticou as alegações infundadas de fraude. “A mesma urna que elegeu o Bolsonaro e elegeu agora o Lula. Nunca apareceu prova que justificasse qualquer desconfiança séria. Para mim, isso é página virada”, concluiu.