Mortes de jovens reacendem debate sobre violência
Redação
Operação no Rio
A megaoperação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro, resultou em 121 mortes — entre elas, pelo menos oito jovens com menos de 20 anos. Dois adolescentes, de 14 e 17 anos, estão entre as vítimas, o que reacendeu o debate sobre a letalidade das ações policiais e a ausência de políticas públicas voltadas à juventude das periferias.
O garoto de 14 anos, morador de Nova Iguaçu, desapareceu após sair para um baile na comunidade. Seu pai, Samuel Peçanha, relatou o desespero da família ao reconhecer o corpo do filho no Instituto Médico Legal. Já o avô do adolescente de 17 anos contou que criou o neto “como um filho”, mas não conseguiu evitar o envolvimento com o crime.
A Polícia Civil divulgou uma lista com nomes, idades e supostos antecedentes criminais das vítimas, incluindo prints de redes sociais. Segundo o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, todos os mortos “reagiram à abordagem policial”, classificando-os como “narcoterroristas”.
Para a ativista Mônica Cunha, fundadora do Movimento Moleque, o alto número de jovens mortos reflete o abandono do Estado e o racismo estrutural. “O Estado produz esses meninos para, quando matar, ter uma justificativa”, afirmou. Ela defende que a ausência de investimentos em educação, cultura e políticas de inclusão abre espaço para que o crime organizado se torne o único ambiente de acolhimento.
“O genocídio não começa quando o fuzil é disparado. Começa quando o Estado tira tudo: escola, saúde, cultura e dignidade”, disse Mônica. “Estamos perdendo o nosso futuro enquanto humanidade.”