CRM entra com pedido de cassação; Comissão de Ética defende atitude de vereador
Larissa Malheiros e Suzana Angello
Várzea Grande
O conselho Regional de O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) vai pedir a cassação do mandato por quebra de decoro parlamentar contra o vereador por Várzea Grande, Kleverson Feitoza (PSB).
O presidente do CRM-MT, Diogo Sampaio disse que já estão tomando as medidas contra o vereador. “É inadmissível que qualquer pessoa invada uma área restrita, como são a sala de descanso e o consultório, e use de uma câmera para intimidar uma profissional que estava no local cumprindo com suas obrigações. O caso, que infelizmente não é isolado, não pode ficar sem uma resposta, tanto da Câmara Municipal quanto do Poder Judiciário”.
Câmara Municipal
O presidente da Comissão de Ética Parlamentar da Câmara de Vereadores , Jânio Calixto (União) disse por meio de nota que, além de legislar, os vereadores têm o poder e o dever de fiscalizar a administração pública, bem como o funcionamento dos serviços essenciais, incluindo a área da saúde.
Entenda:
Na última quinta-feira (6), um incidente no Pronto-Socorro de Várzea Grande gerou polêmica e levantou questões sobre a ética e o respeito nas relações entre políticos e profissionais da saúde. A médica da unidade registrou um boletim de ocorrência contra o vereador Kleberton Feitosa Eustáquio, conhecido como Feitosa (PSB), após o parlamentar acusá-la de ausência durante seu plantão.
Segundo relatos, a médica chegou ao hospital às 7h e, por volta das 18h, dirigiu-se à sala de descanso. Foi então que um colega a alertou sobre a presença do vereador, que filmava o consultório vazio, alegando que ela não estava atendendo. Para evitar a exposição indevida, a médica se escondeu no banheiro. Quando voltou ao trabalho, Feitosa entrou em seu consultório sem permissão e gravou um vídeo que mostrava tanto a profissional quanto um paciente em atendimento. As imagens foram posteriormente divulgadas nas redes sociais, gerando repercussão negativa para a médica.
A profissional denunciou a situação como uma violação de sua privacidade e difamação, uma vez que as acusações do vereador prejudicaram sua reputação. O Código Penal brasileiro considera a difamação um crime contra a honra, com penas que podem variar de três meses a um ano de detenção, além de multa. A médica não é uma exceção; casos semelhantes têm sido registrados em outras partes do Brasil.
A situação também destaca um problema mais amplo: a violência contra médicos em unidades de saúde. De acordo com um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), há um caso de agressão a cada três horas no Brasil. Entre 2013 e 2023, cerca de 38 mil boletins de ocorrência foram registrados por médicos vítimas de ameaças e agressões. O estudo aponta que as mulheres representam quase metade das vítimas, mas muitos profissionais hesitam em denunciar por medo de retaliações.
O episódio envolvendo o vereador Feitosa gerou reações diversas na comunidade. Enquanto alguns apoiaram sua tentativa de fiscalizar os serviços públicos, outros consideraram suas ações uma violação da privacidade e dignidade da médica. O caso agora segue para as vias judiciais, onde poderá resultar em consequências legais para o vereador caso seja comprovada a difamação.