'Apagão' no Enem: número de inscritos no teste caiu 45,6% em 10 anos


Foto: Reprodução  - Foto: Foto: Reprodução Neste ano, o calendário do Enem prevê a aplicação das provas em 3 e 10 de novembro
14/06/2024 às 08:25
Redação

ENEM

Formada no fim de 2023 no ensino médio em Contagem, na região metropolitana de BH, Mayara Borges, de 18 anos, não se inscreveu no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), mesmo sabendo que o teste é gratuito para quem estudou em escola pública – o caso dela. Segundo a jovem, como não há nenhum curso superior que lhe interesse no momento, ela optou por não fazer a prova, prevista para novembro.

Em vez disso, ela pretende continuar ajudando a mãe em um salão de beleza e, no futuro, fazer cursos profissionalizantes de estética. “É algo que eu gosto de fazer. E é uma grande experiência trabalhar com minha mãe e as outras funcionárias. Por enquanto, faculdade não quero”, afirma.

Esse esvaziamento do Enem tem aumentado. Em Minas Gerais, os inscritos caíram 55% entre 2013 e 2023 – de 803.671 para 361.561. No país, a queda foi de 45,6% (veja infográfico), segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza o exame. Para 2024, o prazo de inscrições termina nesta sexta-feira (14).


Editoria de Arte/OTEMPO

Esse desinteresse pelo exame pode ser explicado por fatores que incluem principalmente falta de perspectiva dos próprios estudantes, na análise de Natália Fregonesi, coordenadora de políticas educacionais da organização não governamental Todos pela Educação. “Muitos não têm interesse. Não é comum que seus pais ou familiares tenham ensino superior. Então, no máximo, querem terminar o ensino médio e ingressar no mercado”, analisa.

Outra explicação, segundo ela, é que falta conhecimento sobre as oportunidades que o Enem pode fornecer. “Muitos enxergam como mais uma prova. Não vão atrás de entender que há diversos cursos, inclusive, com cotas para quem vem de escolas públicas”.

Sem engajamento. A falta de apoio das próprias escolas, principalmente as públicas, é outro entrave às inscrições, na análise de João Guilherme Porto, diretor da Faculdade Arnaldo Janssen, em BH. Segundo o professor, enquanto colégios privados engajam os estudantes em processos seletivos como o Enem, até pela questão comercial de ranqueamento publicitário das escolas, unidades públicas, nas quais está a maioria dos estudantes, deixam a desejar: “Falta perspectiva para esses estudantes. Não há motivação das escolas para que o seu aluno participe do Enem”.

Ensino básico de qualidade estimula busca pelo superior

Fazer o estudante querer participar do Enem e cursar faculdade é um processo gradativo, que começa pelo ensino básico de qualidade, defende Eneas Arrais Neto, professor e doutor em educação pela Universidade Federal do Ceará. Exemplos disso vêm do Nordeste, que reúne 97 das 100 melhores escolas de ensinos infantil e fundamental do Brasil, mostram dados do Índice Nacional de Educação Básica (Ideb) de 2021, aferidos pelo Ministério da Educação. Das 97, 87 são no Ceará, que teve 79,8% dos concluintes do ensino médio público participando do Enem. Em Minas, o índice foi de 41,5%. 

“Nos últimos 20 anos, houve valorização do ensino, com escolas estruturadas, laboratórios, profissionais selecionados por competência, não mais por indicações, além de premiações para as melhores escolas e professores bem-pagos”, afirmou sobre o ensino público cearense.

Demanda pode ser menor

Além da falta de perspectiva dos próprios alunos, o esvaziamento do Enem também pode ser explicado pelo fato de haver mais pessoas já nas universidades brasileiras, diminuindo, assim a demanda, conforme explica o sociólogo e analista educacional Flávio Pimenta.

Ele destaca que a população com curso superior subiu de 2%, há 40 anos, para os atuais 30% e atribui isso a programas que aumentaram o número de vagas, como os programas de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni) e Universidade para todos (Prouni), para bolsas.

“Se o número de inscritos no Enem está diminuindo, talvez seja também impacto dos efeitos positivos de programas do MEC nas duas últimas décadas. Quanto mais pessoas entram (na faculdade), menores são as inscrições”, justifica.

Atraso no estudo. A defasagem do ensino também pode explicar o desinteresse pelo Enem, segundo a especialista Natália Fregonesi. “Muitos percebem que não conseguiram se desenvolver ou que tiveram muita dificuldade e pensam: ‘Se eu não vou conseguir nota boa, fazer o Enem para quê?’”, detalha.

O que o exame oferece. O Enem permite acesso a universidades públicas e privadas, inclusive em Portugal, e ao Programa Universidade para Todos (Prouni), que tem bolsas parciais e integrais. Participantes do exame também podem se beneficiar do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Provas. No Enem, além da prova de redação, há testes de linguagens e códigos; ciências humanas; ciências da natureza; e matemática. No total, são 180 questões.

Fonte: Otempo

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