45% das mulheres apresentam algum transtorno mental, diz estudo


 - Foto: Divulgação
08/12/2023 às 14:58
Redação

Saúde mental

A pandemia de Covid-19 foi uma das piores crises já enfrentadas no século e suas consequências ainda ressoam no cotidiano, mesmo após o fim da  emergência sanitária. Para as mulheres, entretanto, que já chegaram em 2020 adoecidas, o problema se apresentou  ainda mais profundo. 

É o que mostra o relatório "Esgotadas: o empobrecimento, a sobrecarga de cuidado e o sofrimento psíquico das mulheres", desenvolvido pela ONG Think Olga, que indica que 45% das mulheres brasileiras possuem hoje um diagnóstico de ansiedade, depressão, ou outros tipos de transtornos.

A pesquisa inédita foi realizada com 1.078 mulheres, entre 18 e 65 anos, em todos os estados do país, entre 12 e 26 de maio de 2023. 

“A saúde mental não deve ser uma discussão limitada por fatores biológicos. Claro que existe influência deles, mas o que o relatório nos mostra é que a perspectiva de gênero e suas interseccionalidades afetam diretamente as relações sociais e, portanto, impactam diretamente no psicológico das mulheres”, explica Maíra Liguori, diretora da Think Olga.

Com a proposta de entender as estruturas que impõem o sofrimento das brasileiras na atualidade, o relatório reúne dados que demonstram desde a sobrecarga de trabalho e insegurança financeira até o esgotamento mental e físico causado pela economia do cuidado, que enquadra todas as atividades relacionadas aos cuidados com a casa e com produção e manutenção da vida. 

Esgotadas, portanto, adoecidas 
45% das entrevistadas foram diagnosticadas com algum transtorno mental. A ansiedade, o estresse e a irritabilidade fazem parte do cotidiano de pelo menos 4 em cada 10 mulheres. 

As pressões estéticas e as violências de gênero também cobram seu preço: entre as entrevistadas mais jovens, 26% declararam que os padrões de beleza impostos impactam negativamente na saúde mental. Já o medo de sofrer violência é citado por 16% das respondentes.

Maior vulnerabilidade e maior responsabilidade 
As mulheres são as únicas ou principais provedoras em 38% dos lares. Essas mulheres são, em sua maior parte, negras, da classe D e E e com mais de 55 anos de idade. Somente 11% das entrevistadas dizem não contribuir financeiramente para a manutenção  de suas famílias. 

Dobro de tempo nas tarefas de cuidado 
Segundo dados da Pesquisa Nacional por amostra de domicílio realizada em 2022, as mulheres gastam 21,4 horas da semana em tarefas domésticas e do cuidado, os homens usam 11 horas. Já o relatório "Esgotadas" mostrou que a sobrecarga de trabalho doméstico e a jornada excessiva de trabalho foi a segunda causa de descontentamento mais apontada - atrás apenas de preocupações financeiras. O trabalho de cuidado sobrecarrega principalmente as mulheres de 36 a 55 anos (57% cuidam de alguém) e pretas e pardas (50% cuidam de alguém).

Responsabilidade demais adoece 
86% das mulheres consideram ter muita carga de responsabilidades. A insatisfação entre mães solo e cuidadoras é muito superior em relação àquelas que não possuem esse tipo de responsabilidade. 

As cuidadoras e mães-solo também são as mais sobrecarregadas com as tarefas domésticas e de cuidado, com 51% das mães e 49% das cuidadoras apontando a situação financeira restrita como o maior impacto na saúde mental. Isso quer dizer que a sobrecarga de cuidado também é um fator de empobrecimento das mulheres ou “feminização da pobreza”.

Diante da realidade, a Think Olga também traz pontos de partida para que a sociedade civil, o setor privado e o poder público possam começar a enxergar e a atuar sobre  esses problemas. Para Nana Lima, co-diretora da Think Olga, “é necessário que comecemos a entender o impacto do trabalho de cuidado e suas consequências, além de partirmos de discussões que desestigmatizem tabus sobre a saúde mental. É  essencial incentivar ações do setor privado, da sociedade civil e, principalmente, do setor público para um futuro viável para as mulheres”.

Fonte: Terra

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