Cuiabá inicia atualização do valor venal dos imóveis após 15 anos de defasagem
Redação
DECISÃO
Uma norma do Tribunal de Contas do Estado (TCE) estabelece que municípios com mais de 50 mil habitantes devem atualizar anualmente o valor venal dos imóveis, a fim de garantir cobranças justas do IPTU e do ITBI. Apesar da determinação vigorar desde 2012, Cuiabá não realiza essa atualização há 15 anos — a última ocorreu em 2010.
Nesse período, a capital passou por profundas transformações urbanas, incluindo a realização da Copa do Mundo de 2014 e a expansão de bairros e empreendimentos imobiliários de médio e alto padrão. Mesmo com esse cenário de valorização diferenciada entre regiões, a Prefeitura tem aplicado apenas o reajuste anual pelo IPCA, índice que mede a inflação de consumo, mas não reflete a realidade específica do mercado imobiliário local. O resultado é uma disparidade significativa entre o valor venal e o preço real de mercado dos imóveis.
Para corrigir essas distorções, a Prefeitura de Cuiabá instituiu, no dia 4 de novembro, uma comissão responsável por concluir a atualização da planta genérica em até 30 dias. O secretário-adjunto da Receita Municipal, Thiago Semensato, afirma que a medida é baseada na justiça tributária e não na simples elevação da arrecadação.
“O objetivo não é aumentar imposto de forma indiscriminada, e sim corrigir injustiças acumuladas. Muitos imóveis terão redução do valor venal, especialmente em áreas que não valorizaram ou que até desvalorizaram. A atualização redistribui a carga tributária com mais equilíbrio e permite ao município investir melhor em serviços essenciais como saúde, educação, infraestrutura e mobilidade urbana”, destacou.
O processo contará com participação técnica e social ampliada para garantir legitimidade. Além da Procuradoria Geral do Município, fazem parte da comissão representantes das secretarias de Economia, Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano, Planejamento, Habitação e Regularização Fundiária, além de entidades do setor produtivo e imobiliário, como CREA, Sinduscon, Secovi, CDL, AccCuiabá e Abih-MT. A colaboração desses órgãos reforça a transparência e a responsabilidade do procedimento, que promete equilibrar a tributação municipal após mais de uma década de defasagem.