Banco Master é alvo de investigação por consignados irregulares
Redação
Endividamento
O Banco Master, recentemente liquidado pelo Banco Central e já investigado pela Polícia Federal por fraudes financeiras, também figura no centro de um esquema de concessão irregular de crédito consignado a servidores públicos de Mato Grosso. Somente em 2025, mais de R$ 37 milhões foram descontados diretamente na folha do funcionalismo estadual por operações consideradas ilegais.
As práticas do banco no Estado se somam a um cenário alarmante: mais de 70% dos servidores de Mato Grosso estão superendividados, muitos com contratos simultâneos em mais de 15 instituições financeiras diferentes.
Auditorias feitas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) identificaram uma série de ilegalidades, entre elas venda casada, cobrança de juros abusivos, uso indevido de cartão de crédito como empréstimo consignado e concessão de crédito sem autorização expressa dos servidores. As investigações também atingem a Cartos Serviço de Crédito Direto, fintech apontada pela PF como responsável por “fabricar” operações de crédito para o Banco Master.
Diante da gravidade da situação, a Defensoria Pública de Mato Grosso passou a oferecer atendimento exclusivo para consumidores prejudicados, incluindo servidores afetados pelas manobras do banco. O serviço é destinado a pessoas com renda de até três salários mínimos — ou renda familiar de até cinco — com avaliação de vulnerabilidade caso a caso.
O Sinpaig (Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo) foi uma das primeiras entidades a denunciar a atuação do Master no Estado. O sindicato já alertava desde 2024 sobre a escalada das operações de consignado, período em que o banco intensificou a oferta de crédito nos estados e municípios, contribuindo para o endividamento em massa do funcionalismo público.