Bolsonaro admite ter usado ferro de solda para danificar tornozeleira, aponta relatório da Seape
Redação
Revelação
Um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape) revelou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) confessou ter utilizado um ferro de solda para tentar abrir a tornozeleira eletrônica que usava durante sua prisão domiciliar. Ele foi preso preventivamente na manhã deste sábado, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com o documento, o equipamento apresentava “marcas evidentes de queimadura” em toda a circunferência, especialmente na área de fechamento do dispositivo. Ao ser questionado por agentes, Bolsonaro admitiu ter aplicado calor usando um ferro de solda. Inicialmente, a equipe foi informada de que o aparelho teria batido em uma escada — hipótese descartada após inspeção.
O alerta de violação foi emitido pelo sistema de monitoramento às 0h07. A equipe que fazia escolta externa na residência do ex-presidente foi acionada imediatamente e conduziu a verificação no local. Após recolher o equipamento danificado, os agentes instalaram uma nova tornozeleira, que passou por testes de funcionamento antes de Bolsonaro ser autorizado a retornar ao repouso.
Um vídeo que registra parte da conversa entre agentes e o ex-presidente confirma a tentativa de abertura com calor. Bolsonaro, questionado sobre o método utilizado, respondeu:
— “Coloquei ferro quente… de soldar.”
Prisão preventiva
A detenção desta manhã atende a um pedido da Polícia Federal e foi autorizada por Alexandre de Moraes. A Primeira Turma do STF vai decidir na segunda-feira se mantém ou não a prisão preventiva. A decisão não está relacionada diretamente à pena de 27 anos e três meses imposta pelo Supremo no processo sobre a tentativa de golpe de Estado.
Segundo investigadores, um dos fatores que pesou no novo pedido de prisão foi o chamado para vigílias feito pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o que poderia gerar aglomerações em frente à casa do ex-presidente — considerado risco à ordem pública e ao próprio monitorado. Moraes destacou que mobilizações desse tipo repetem dinâmicas de atos antidemocráticos anteriores.
O ministro determinou ainda que Bolsonaro não fosse algemado e que a operação fosse conduzida de modo a evitar exposição pública.
Em nota, a defesa do ex-presidente disse que a decisão “causa perplexidade” e contestou os fundamentos da prisão, mencionando inclusive o estado de saúde de Bolsonaro, que, segundo advogados, demandaria cuidados especiais.