Congresso “refém” das emendas, diz Gilberto Cattani
Redação
Opinião
O deputado estadual Gilberto Cattani (PL) voltou a criticar o modelo de emendas parlamentares adotado pelo Governo Federal, afirmando que a liberação dos recursos funciona como uma forma de pressão política sobre deputados e senadores no Congresso Nacional.
Para ele, o mecanismo, que deveria ser exclusivamente um instrumento de atendimento às necessidades dos municípios, acabou se tornando uma ferramenta de barganha. “As emendas colocam o Parlamento de joelhos. O Governo compra apoio o tempo todo, e isso voltou a acontecer com força depois que esse Governo reassumiu o poder”, declarou ao MidiaNews.
Cattani argumenta que as emendas não pertencem ao parlamentar, mas à sociedade. “O político não tem que fazer propaganda como se o dinheiro fosse dele. Todo recurso é do povo, e retorna para o povo”, disse.
O problema, segundo o deputado, está no controle exercido pelo Executivo sobre a liberação dos valores. “Não pode o Governo ditar: ‘Só libero se você votar assim’. Esse tipo de chantagem é inadmissível. É o absurdo dos absurdos”, criticou.
Ele também afirmou que o Congresso falha em exercer seu papel fiscalizador. “Não vejo o Parlamento atender de fato os anseios da sociedade. Falta postura e independência.”
No início de setembro, após a adesão de parte das bancadas do União Brasil e do PP ao projeto que propõe anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023, o Governo Lula empenhou R$ 2,3 bilhões em emendas. De acordo com dados do Senado Federal, o montante foi pago aos parlamentares na semana seguinte — uma das maiores liberações já registradas em um único dia na atual gestão.