PF expõe doleiro em esquema de venda de sentenças em tribunais
Redação
Operação Sisamnes,
Relatório da Polícia Federal, no âmbito da Operação Sisamnes, aponta que o doleiro Surrey Ibrahim Mohamad Youssef operava um “sistema bancário paralelo” para movimentar dinheiro ligado ao suposto esquema de venda de sentenças que teria alcançado gabinetes do Superior Tribunal de Justiça e tribunais estaduais.
De acordo com as investigações, Surrey atuava diretamente com o advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2023 e considerado peça central no suposto mercado clandestino de decisões judiciais. A PF afirma que o doleiro realizava entregas de dinheiro em espécie, usava senhas, intermediadores e câmbio paralelo para ocultar a origem ilícita dos valores.
Conversas encontradas no celular de Zampieri mostram tratativas financeiras, repasses fracionados e códigos usados para liberar “encomendas”. Uma mochila com grande quantia em dinheiro foi apreendida no escritório de Surrey, na Rua Oscar Freire, em São Paulo.
Os investigadores acreditam que a movimentação financeira está ligada à suposta compra de decisões envolvendo processos milionários de empresas do agronegócio em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Embora assessores de ministros do STJ sejam citados, nenhum integrante da Corte é investigado.
A defesa de Surrey afirma que ele é empresário do ramo de turismo e câmbio há mais de 30 anos e nega qualquer envolvimento com irregularidades, alegando que as conversas encontradas tratam apenas da sua atividade comercial.
A investigação segue sob sigilo no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Cristiano Zanin.