Atendimento rápido é essencial para evitar sequelas em casos de intoxicação por metanol, alertam especialistas
09/10/2025 às 08:20
Redação
Orientação
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O tratamento imediato é determinante para salvar vidas e evitar sequelas neurológicas e visuais em casos de intoxicação por metanol — substância altamente tóxica utilizada ilegalmente na adulteração de bebidas alcoólicas. Especialistas reforçam que quanto mais cedo o atendimento médico for iniciado, maiores são as chances de reverter os danos causados pelo consumo.
O metanol, também conhecido como álcool metílico, é um líquido incolor com aparência semelhante ao etanol (presente nas bebidas alcoólicas comuns). Porém, ao contrário deste, é extremamente tóxico mesmo em pequenas quantidades. Usado em produtos industriais como solventes, removedores e vernizes, o metanol não pode, sob nenhuma circunstância, ser utilizado na produção de bebidas.
De acordo com a pesquisadora Mariana de Moura Pereira, do Laboratório de Toxicologia da Faculdade de Medicina da USP, a intoxicação ocorre porque o organismo transforma o metanol em substâncias tóxicas. “O corpo metaboliza o metanol em formaldeído e ácido fórmico, compostos que causam danos severos ao sistema nervoso central e à visão”, explica.
Os primeiros sintomas podem ser confundidos com uma ressaca comum: dor de cabeça, náusea e tontura. Mas, entre 12 e 24 horas após a ingestão, surgem sinais mais graves, como visão turva, fotofobia (sensibilidade à luz) e dor abdominal. “O sintoma mais característico é a alteração visual. A perda de visão pode ser irreversível se o tratamento não for iniciado rapidamente”, alerta a especialista.
O fomepizol é considerado o antídoto mais eficaz, pois impede que o fígado transforme o metanol em substâncias tóxicas. Em casos mais graves, é necessária hemodiálise para eliminar o ácido fórmico do sangue e evitar falência de órgãos.
Segundo o médico Luís Fernando Penna, do Hospital Sírio-Libanês, todos os casos de intoxicação alcoólica têm sido tratados como suspeitos de contaminação por metanol. “O paciente é imediatamente hidratado, passa por exames de sangue e, caso confirmada a acidose metabólica, o tratamento é iniciado de forma emergencial”, explica.
Os especialistas reforçam que a prevenção é a melhor forma de evitar tragédias. O consumidor deve desconfiar de bebidas com preço muito abaixo do mercado, sem rótulo original, tampas violadas ou vendidas em locais não regulamentados. “A identificação do metanol na bebida é praticamente impossível a olho nu. Por isso, a vigilância e o consumo consciente são fundamentais”, conclui Mariana.
