Lideranças indígenas de MT pedem apoio à CPI das ONGs e afirmam que não recebem ajuda
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24/10/2023 às 15:53
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Redação
Veja
Os caciques Graciano Aedzane Pronhopa e Arnaldo Tsererowe estiveram na CPI que investiga a atuação das Organizações Não Governamentais (ONGs) na Amazônia, a “CPI das ONGs”, a convite do senador Mauro Carvalho (União/MT), nesta terça-feira (24/10). Eles são lideranças indígenas xavantes do estado de Mato Grosso, e negaram que as ONGs estejam gerando benefícios às aldeias, além de criticarem a atuação das entidades e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).
Na ocasião, Mauro Carvalho lembrou que em 2019, quando assumiu a Secretaria da Casa Civil do Mato Grosso, que tem responsabilidade com todas as 43 etnias, teve a oportunidade de conhecer suas necessidades. “Cada uma tem seu cacique, sua regra e sua cultura, é muito difícil encontrar uma pessoa indígena que seja líder de todas as etnias, cada uma fala por si, cada etnia tem sua forma de conduzir seu povo, e para ter uma convivência pacífica o primeiro entendimento é respeitar a cultura de cada uma delas, por isso, deixamos de conversar com confederação e fomos conversar com cada etnia”, explicou.
O cacique Arnaldo declarou que querem apoio, querem trabalhar. “Nós, os povos indígenas, respeitamos cada etnia e precisamos do apoio dessa comissão, precisamos de condições para o nosso povo trabalhar. Nosso povo está numa situação muito difícil, porque não existe projeto da Funai, que não apresenta um plano de trabalho para a gente chegar em acordo. As ONGs que vêm dizer que estão levando benefício para nossas aldeias, estão mentindo”, disse. O cacique questionou ainda onde as ONGs estão aplicando a verba que recebem: “Onde está o recurso? Não existe a responsabilidade fiscal”, indagou.
Na mesma linha, o cacique Graciano questionou a falta de fiscalização das ONGs. “Lutamos e trabalhamos dentro das nossas áreas indígenas, o que acontece hoje é que as ONGs gritam e falam, mas não levam resultado dentro das aldeias. E quem fiscaliza o projeto deles?”, questionou.
*Marco Temporal*
Durante a audiência, os caciques foram questionados pelo senador Mauro Carvalho se são a favor do Marco Temporal das terras indígenas, e afirmaram que o presidente Lula não respeita o brasileiro, já que vetou o dispositivo aprovado pelo Parlamento. “Lula desmereceu a vontade dos brasileiros, nossa etnia aprova o Marco Temporal”, afirmaram os convidados.
Mauro finalizou sua fala afirmando que a ida dos caciques foi uma ótima oportunidade para as pessoas conhecerem o que não é divulgado pela imprensa. “Vimos hoje aqui, por intermédio da etnia xavante, a visão que eles têm das nossas ONGs, Funai, etc... Vimos também que não deixam as ONGs terem acesso às suas reservas indígenas, por conta do desvio de condutas de várias delas. Claro que tem ONG séria, mas a grande maioria tem interesses financeiros e comerciais”, concluiu o senador.
*Visita*
Os integrantes da CPI planejam realizar, na quinta-feira (26/10), uma visita às terras dos Haliti-Paresi na Chapada dos Parecis, em Mato Grosso, como parte de suas investigações. Eles querem entender a atuação das ONGs dentro da região.
