Projeto ajuda jovens em situação de vulnerabilidade a atuar em cruzeiros e realizar sonhos
g1
Oportunidade
Um projeto social de qualificação para serviços em cruzeiros marítimos tem ajudado dezenas de jovens a conquistarem sonhos. Uma delas é Kamiry Sossa Baldan, de 20 anos, que realizou o desejo da mãe de reformar o apartamento onde moram com o salário que ganhou a bordo. Outra jovem impactada é a Vitória Rayani de Castro, de 22, que se prepara para embarcar em busca de melhorar a qualidade de vida, aperfeiçoar o inglês e conhecer diferentes países.
Elas fizeram parte do projeto Jovens Tripulantes, que já auxiliou mais de 4.650 jovens e adultos em situação de vulnerabilidade social a ingressarem na indústria dos cruzeiros marítimos.
Nova temporada
A temporada brasileira de cruzeiros 2023/2024 começará antes do comum, em outubro, e será a mais longa em permanência no Brasil com quase sete meses. Na Baixada Santista, a estimativa é de 15 mil vagas de emprego com salários iniciais que variam de US$ 1 mil a US$ 2 mil mensais, algo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil -- uma parcela é ocupada pelos jovens do projeto, que são preparados para o mercado.
Segundo o projeto Jovens Tripulantes, apesar do expressivo número de vagas, 80% dos candidatos que tentam trabalhar a bordo são reprovados nos processos seletivos. "A maioria por não ter qualificação e conhecimento sobre a área marítima", explicou, em nota.
Kamiry atuou dois anos na área de Howsekeeping, departamento de limpeza do navio, e se prepara para próxima temporada. "Com o salário que eu recebia, eu ajudei minha mãe e isso é uma eterna gratidão. Como não temos gastos no navio, o dinheiro fica praticamente livre", explicou.
Já Vitória, embarcará em novembro, na Espanha, para trabalhar como Mess Attendant, profissional responsável pelo restaurante dos tripulantes. "Eu estou muito ansiosa. Não sei exatamente o que esperar, mas quero que seja uma coisa única. Não vou desperdiçar essa oportunidade", disse.
Realizações
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Kamiry Sossa Baldan, de Praia Grande (SP), realizou sonho da mãe após participar de projeto social para trabalhar em navios de cruzeiros — Foto: Arquivo Pessoal
Após conseguir realizar o sonho da mãe de reformar o apartamento onde moram em Praia Grande, no litoral de São Paulo, Kamiry contou que trabalhará na próxima temporada e deve embarcar em outubro, na Itália.
De acordo com a tripulante, os sonhos não vão parar. "Com esse próximo contrato vou comprar minha casa. Eu tenho essa vontade, um desejo meu e sei que vou conseguir. Ano que vem, casa nova", afirmou.
Ao g1, a jovem contou que a possibilidade de conhecer o mundo enquanto trabalha fez com que se tornasse mais confiante.
"O meu salário é muito melhor do que eu imaginei ganhar com 20 anos. Eu tenho inglês fluente, aprendi a ser independente, fiz amizades com pessoas de diferentes países e idiomas, conheci lugares maravilhosos", finalizou.
Futuro
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Vitória Rayani de Castro, de 22 anos, se prepara para embarcar na primeira temporada de cruzeiros — Foto: Arquivo Pessoal
À reportagem, Vitória contou que trabalhava como ajudante de cozinha em um restaurante quando conheceu o mundo dos cruzeiros através de um amigo que atuava na área.
A jovem, que estava em busca de uma vida melhor, viu a oportunidade de aperfeiçoar o inglês, conhecer diferentes países e culturas, além de ganhar em dólar.
"O meu processo seletivo, entre entrevista, prova de inglês e envio de documentos foi muito rápido, levou pouco mais de uma semana até eu ser aprovada”, lembrou a futura tripulante.
Jovens Tripulantes
A capacitação do projeto Jovens Tripulantes é feita online, em até seis meses. Durante o curso, os alunos são qualificados nas principais especialidades de navios de cruzeiros, além de aprender idiomas, como inglês e italiano, e conversar com profissionais de psicologia, saúde e orientação vocacional.
Após a conclusão das aulas, os futuros tripulantes fazem uma avaliação para à próxima fase. Caso sejam aprovados, uma equipe de orientadores irão prepará-los para as entrevistas de emprego com agências recrutadoras.
Até a última atualização desta reportagem, não havia uma data para a reabertura das inscrições. Os interessados devem ficar atentos ao site do projeto.
Para se inscrever, os candidatos precisam ser brasileiros e morar no país, ter entre 18 e 45 anos, estar cursando ou ter concluído o Ensino Médio e ter o sonho de mudar de vida por meio do trabalho.
Pessoas negras, trans, descendentes dos povos originários, LGBTs, refugiados e imigrantes com passaporte brasileiro e pessoas que já foram acolhidas em abrigos quando crianças ou adolescentes, têm prioridade no processo de seleção.