Médica que teve que se esconder no banheiro registra BO contra vereador


10/03/2025 às 09:42
Suzana Agnello

Várzea Grande

Na última quinta-feira (6), um incidente no Pronto-Socorro de Várzea Grande gerou polêmica e levantou questões sobre a ética e o respeito nas relações entre políticos e profissionais da saúde. A médica da unidade registrou um boletim de ocorrência contra o vereador Kleberton Feitosa Eustáquio, conhecido como Feitosa (PSB), após o parlamentar acusá-la de ausência durante seu plantão.

Segundo relatos, a médica chegou ao hospital às 7h e, por volta das 18h, dirigiu-se à sala de descanso. Foi então que um colega a alertou sobre a presença do vereador, que filmava o consultório vazio, alegando que ela não estava atendendo. Para evitar a exposição indevida, a médica se escondeu no banheiro. Quando voltou ao trabalho, Feitosa entrou em seu consultório sem permissão e gravou um vídeo que mostrava tanto a profissional quanto um paciente em atendimento. As imagens foram posteriormente divulgadas nas redes sociais, gerando repercussão negativa para a médica.

A profissional denunciou a situação como uma violação de sua privacidade e difamação, uma vez que as acusações do vereador prejudicaram sua reputação. O Código Penal brasileiro considera a difamação um crime contra a honra, com penas que podem variar de três meses a um ano de detenção, além de multa. A médica não é uma exceção; casos semelhantes têm sido registrados em outras partes do Brasil.

A situação também destaca um problema mais amplo: a violência contra médicos em unidades de saúde. De acordo com um levantamento do Conselho Federal de Medicina (CFM), há um caso de agressão a cada três horas no Brasil. Entre 2013 e 2023, cerca de 38 mil boletins de ocorrência foram registrados por médicos vítimas de ameaças e agressões. O estudo aponta que as mulheres representam quase metade das vítimas, mas muitos profissionais hesitam em denunciar por medo de retaliações.

O episódio envolvendo o vereador Feitosa gerou reações diversas na comunidade. Enquanto alguns apoiaram sua tentativa de fiscalizar os serviços públicos, outros consideraram suas ações uma violação da privacidade e dignidade da médica. O caso agora segue para as vias judiciais, onde poderá resultar em consequências legais para o vereador caso seja comprovada a difamação.

Em nota à imprensa, o Conselho Regional de Medicina (CRM/MT) ressaltou que atitudes como as do vereador são inadmissíveis, especialmente em um mês dedicado às mulheres. A nota enfatiza que a conduta dos representantes políticos deve ser ética e respeitosa, promovendo o bem-estar da comunidade e respeitando os direitos dos profissionais da saúde.

 

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