Busca do Google: o que os documentos vazados revelam?
Redação
Tecnologia
Nesta semana, milhares de páginas de documentos internos do Google foram vazados, revelando como o algoritmo do mecanismo de busca da empresa funciona. O que intrigou especialistas em SEO é que os documentos sugerem que o Google pode estar usando dados de cliques e usuários do Chrome, algo que contradiz declarações anteriores da empresa.
Apesar de alertar para a interpretação das informações compartilhadas, a big tech confirmou a veracidade dos dados. Com isso, o vazamento levantou questões sobre o próprio funcionamento do mecanismo de pesquisa e como otimizar o SEO de sites.
Documentos internos do Google detalham mecanismo de busca
Relembre o que aconteceu:
- Milhares de páginas de documentos internos do Google foram vazados nesta semana, revelando bastidores do funcionamento do algoritmo de busca da empresa;
- O vazamento trata de tópicos como tipo de dados que o Google coleta, tratamento dado a sites pequenos, priorização de sites em tópicos sensíveis e uso de dados do Chrome na classificação de páginas;
- O problema é que alguns desses dados contradizem com declarações públicas anteriores da empresa;
- A métrica para avaliar a qualidade dos resultados, conhecida como E-E-A-T (experiência, especialização, autoridade e confiabilidade), também é mencionada de forma ambígua, sugerindo que o Google não tem sido completamente honesto sobre como opera o algoritmo de busca nos últimos anos.
Em nota ao The Verge por e-mail, o porta-voz do Google, Davis Thompson, confirmou a autenticidade dos documentos vazados, mas pediu cautela na interpretação, pois algumas informações podem estar “fora de contexto, desatualizadas ou incompletas”.
Vazamento oferece uma espiadinha em um dos maiores mistérios da internet: como a busca do Google funciona (Imagem: Wachiwit/Shutterstock)
O que foi revelado sobre a busca do Google
O mecanismo de busca do Google sempre foi um grande segredo da internet. Há anos, especialistas em SEO (estratégias de otimização de sites para mecanismos de busca) e proprietários de sites tentam desvendá-lo na busca por melhores colocações e, consequentemente, cliques e receita.
Ou seja, cada declaração pública da big tech dá dicas de como otimizar a operação na internet. Os documentos internos contradizem alguns fatores que o Google já tinha revelado anteriormente, o que muda a forma como esses especialistas em SEO terão que trabalhar.
Vazamento expôs contradições sobre pesquisas e SEO
Por exemplo, como lembrou o The Verge, o processo antitruste do Departamento de Justiça dos Estados Unidos contra a companhia já havia revelado um fator de classificação chamado Navboost, que usa cliques para elevar conteúdo na pesquisa. O Google havia indicado que não usava os cliques.
Outro ponto importante destacado pelos especialistas em SEO Rand Fishkin e Mike King, que repercutiram o vazamento, é sobre a influência dos dados do Chrome no ranking de busca.
O Google havia afirmado que não usava nada do navegador na hora de classificar as pesquisas, mas não foi o que o documento vazado mostrou, colocando em xeque a palavra da empresa. Uma seção do vazamento lista os “chrome_trans_clicks”, algo que pode significar que a big tech monitora os cliques do Chrome e usa isso para determinar os sites mais populares e priorizá-los na busca.
Outra menção do documento é o “Twiddlers”, ajustes de classificação implantados fora das principais atualizações do sistema. Eles estariam aumentando ou rebaixando conteúdos na busca de acordo com critérios determinando, como elementos de uma página, autor e “autoridade” dos sites.
Fishkin ainda indica que há fatores não expostos pelos documentos que também estão sendo usados pelo algoritmo de pesquisa do Google, como resultados gerados por IA.
Especialista pedem mais criticidade à palavra do Google (Imagem: achinthamb/Shutterstock)
Especialistas em SEO e sites da internet terão que ser mais críticos à empresa
Para Fishkin, o vazamento mostra como o Google não é totalmente honesto sobre seu mecanismo de busca e como sua palavra não pode pautar a internet inteira (pelo menos no que diz respeito aos resultados no buscador).
"Jornalistas e editores de informações sobre SEO e Pesquisa Google precisam parar de repetir acriticamente as declarações públicas do Google e adotar uma visão muito mais dura e contraditória dos representantes do gigante das buscas. Quando as publicações repetem as afirmações do Google como se fossem fatos, estão ajudando o Google a contar uma história que só é útil para a empresa e não para profissionais, usuários ou o público."
Fonte: OlharDigital