Como a luz azul das telas prejudica a saúde dos olhos e do sono?
Redação
Saiba Mais
Atualmente, tem sido muito comum passar horas diante de telas de exibição de equipamentos eletrônicos, como smartphones, tablets, computadores e televisões. Infelizmente, as consequências desses hábitos não são favoráveis para a saúde dos olhos.
Esses tipos de dispositivos digitais emitem quantidades consideráveis de luz azul, que tem como principal característica o comprimento de onda bastante curto e de alta energia, o que aumenta a sua taxa de absorção por parte da retina (revestimento interno sensível à luz localizado atrás do olho). Quem afirma é a oftalmologista Larissa Godinho. Ela tem especialidade em oftalmopediatria, estrabismo e plástica ocular.
A médica comenta, por exemplo, que a luz solar contém vermelho, laranja, amarelo, verde e azul, bem como outros tons em cada uma dessas. “Todas elas combinadas criam esse espectro de raios de luz coloridos que chamamos ‘luz branca’ — ou luz solar”, ilustra.
Segundo ela, estudos experimentais em animais mostraram que a exposição excessiva à luz azul danifica as células sensíveis à luz na retina, por isso ela acaba sendo tão prejudicial para a saúde dos olhos e, a longo prazo, pode provocar o aparecimento de problemas graves, como a degeneração macular.
Degeneração macular
De acordo com a profissional, a degeneração macular é um problema que afeta o funcionamento de uma pequena região no centro da retina, chamada mácula, que tem como principal função proporcionar imagens mais nítidas, precisas e detalhadas.
“A doença consiste na destruição lenta e progressiva das células da mácula que, com o passar do tempo, ocasiona a formação de um ponto cego irreversível na retina”, informa.
Fadiga ocular
A luz azul digital também contribui para a fadiga ocular.
“Como a luz azul de alta energia e comprimento de onda curto é mais facilmente espalhada do que outra luz visível, não é tão fácil focalizar. Ao visualizar monitores e outros dispositivos digitais que emitem quantidades significativas de luz azul, esse ‘ruído visual’ fora de foco reduz o contraste e pode contribuir para a fadiga ocular”, explica a médica.
Os sintomas da fadiga ocular são:
- Visão embaçada;
- Olhos secos;
- Irritação;
- Sensibilidade à luz;
- Lacrimejamento;
- Dores de cabeça.
Dica de expert
Aos que sofrem de fadiga ocular, a oftalmologista compartilha um truque valioso, chamado de Regra 20-20-20, que consiste em, a cada 20 minutos, desviar o olhar para um objeto a 6 metros de distância durante 20 segundos. “Quando fixamos o olhar para perto, o músculo ocular se contrai para focar a imagem. Esse exercício permite o relaxamento da musculatura ocular, quebrando o ciclo da acomodação ocular contínua do trabalho no computador”, argumenta.
Larissa menciona, ainda, a relação da luz azul com a regulação do relógio biológico, ou seja, o ciclo natural de sono-vigília do corpo: “A exposição à luz azul durante o dia ajuda a manter o relógio biológico saudável informando ao corpo quando é hora de dormir e de acordar.”
No entanto, essa luz artificial emitida pelos eletrônicos durante a noite é prejudicial para o sono, diminuindo a produção de melatonina (hormônio que regula o sono) e comprometendo o sono adequado. “O ideal é suspender o uso de telas duas horas antes de dormir para não interferir nesse processo”, fala.
A estimativa da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tempo de exposição ideal para cada faixa etária é:
Crianças de 0 a 2 anos: não devem ter qualquer exposição;
Crianças de 2 a 6 anos: 1 hora por dia;
Crianças de 6 a 10 anos: 2 horas por dia;
Crianças acima dos 11 anos: até 3 horas por dia.
A especialista lembra, também, que, segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia, ao se passar mais de três horas diárias em frente às telas, o risco de apresentar fadiga visual e ter complicações futuras é exponencialmente maior.
Portanto, “se você trabalha longas horas no computador ou smartphone, sugiro realizar a Regra 20-20-20 e usar colírios lubrificantes para amenizar os sintomas visuais”.
Outra recomendação é apostar nas lentes oftálmicas com filtro azul, que se tornam um auxílio suplementar na proteção dos olhos contra o perigo da luz azul.
Fonte: Metrópoles