Menores que torturaram colega em escola seguiam regras de grupo com estrutura semelhante a facção
Redação
Grupo
Uma folha de caderno com anotações apreendida pela Polícia Civil na casa de uma das adolescentes envolvidas na sessão de tortura contra uma aluna de 12 anos, em Alto Araguaia (415 km de Cuiabá), revelou que o grupo utilizava o lema “a gente mata ou morre” e adotava práticas semelhantes às de facções criminosas, como o uso de “vulgos” entre os integrantes.
Na lista, constam apelidos como “capetinha”, “mafiosa”, “criminosa”, “boca”, “quebra osso”, “assistente” e “fantasma”, entre outros. Segundo o delegado Marcos Paulo Batista de Oliveira, responsável pelo caso, o grupo era formado por cerca de 20 alunos da Escola Estadual Carlos Hugueney, onde ocorreram as agressões.
Embora o grupo não tenha vínculo comprovado com facções criminosas, as regras impostas e a estrutura organizada chamaram a atenção da polícia. As adolescentes relataram, inclusive, que agrediram outras quatro colegas por supostamente terem desrespeitado normas internas do grupo. Vídeos com registros dessas agressões foram encontrados nos celulares apreendidos.
Com base nas investigações, o delegado concluiu o inquérito e o encaminhou ao Ministério Público, com a recomendação de internação das adolescentes por atos infracionais análogos aos crimes de tortura e participação em organização criminosa, conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
A Justiça da 1ª Vara de Alto Araguaia acatou o pedido do MP e determinou a internação das menores. Elas devem ser encaminhadas ao Centro Socioeducativo Pomeri, em Cuiabá. O processo corre sob sigilo.