Cetamina subcutânea mostra eficácia no tratamento rápido da depressão severa, aponta pesquisa da UFRGS
Redação
SEDATIVO
A cetamina, conhecida por seu uso como sedativo e anestésico, mas também pelos efeitos alucinógenos, demonstrou ser eficaz no tratamento da depressão severa, conforme uma tese de doutorado do Programa de Pós-graduação em Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Apesar de sua associação recente a tragédias, como a morte do ator Matthew Perry em 2023 por overdose, a substância é considerada uma das maiores revoluções recentes na saúde mental.
A pesquisa, liderada pela farmacêutica e doutora Ana Paula Anzolin, propõe um protocolo inédito que utiliza a administração subcutânea da cetamina para pacientes com Transtorno Depressivo Maior (TDM) e risco suicida. O método padronizado permite ajustar a dose conforme a resposta clínica, com sessões realizadas até a obtenção da melhora, acompanhadas por até seis meses após o tratamento. Os resultados são promissores: dois terços dos pacientes eliminaram os pensamentos suicidas e todos apresentaram melhora significativa nos sintomas depressivos.
Os efeitos colaterais foram leves e temporários, com dissociação sendo o mais comum, desaparecendo em cerca de uma hora após a aplicação. O estudo ainda apontou a viabilidade da cetamina subcutânea como uma alternativa mais acessível e segura, especialmente para o sistema público de saúde, apesar de ainda não haver previsão para sua implementação ampla no SUS.
Além da eficácia, a pesquisa destaca a importância de reconhecer sinais de risco suicida e buscar ajuda, lembrando que o Disque 188, do Centro de Valorização da Vida (CVV), está disponível para apoio.
A tese representa um avanço importante no tratamento da depressão, especialmente para pacientes resistentes às terapias tradicionais, oferecendo uma esperança de resposta rápida e eficaz para um problema que afeta milhões no Brasil.
Fonte: IG