Janeiro Branco: os desafios para o equilíbrio mental no ambiente de trabalho


23/01/2025 às 11:12
Redação

Entenda!

O ano de 2025 se inicia e, neste mês de janeiro, acontece a campanha Janeiro Branco, que se dedica à conscientização da população sobre a saúde mental. Nesse sentido, há uma enorme preocupação com tal questão em nosso país, qual seja, a importância do cuidado e do bem-estar emocional.

Dados estatísticos

Uma pesquisa feita no primeiro semestre de 2024 revelou que 31% dos brasileiros não adotam nenhuma conduta para cuidar da saúde mental, ao passo que outro estudo apontou que os dados sobre a saúde mental no trabalho se revelam alarmantes. Isto porque quase 60% dos colaboradores se sentem estressados na maior parte do tempo, sendo que apenas 1 em cada 5 entrevistados carrega o sentimento de que está havendo prospecção no trabalho.

Aliás, existe uma inquietação da Organização Mundial da Saúde (OMS) acerca do crescimento dos transtornos mentais e emocionais no Brasil, mormente em razão do aumento dos casos de ansiedade e depressão.

Desse modo, segundo levantamento feito pela própria OMS em 2017, cerca de 18 milhões de brasileiros sofriam de algum tipo de distúrbio em decorrência da ansiedade, ou seja, o problema já existia muito antes da pandemia da Covid-19, em que pese tenha sido agravado depois de 2020.

No ano de 2023, 421 pessoas foram afastadas do trabalho em razão da síndrome de burnout, o maior número dos últimos dez anos no Brasil, muito embora a estimativa é de que 40% das pessoas economicamente ativas sofram da doença.

Por certo, considerando a enorme relevância da saúde mental no meio ambiente laboral, principalmente a partir das campanhas que são realizadas no mês de janeiro, assim como a sensibilidade do assunto, a temática foi indicada por você, leitor(a), para o artigo da semana, sendo o primeiro para este ano de 2025, na coluna Prática Trabalhista da revista eletrônica Consultor Jurídico, razão pela qual agradecemos o contato.

Saúde mental

É importante ressaltar que uma pesquisa realizada em setembro de 2024 atestou que 90% dos profissionais brasileiros trocariam de emprego por motivos de saúde mental, satisfação ou felicidade no trabalho. Aliás, dentre as queixas que contribuem para o adoecimento psicológico estão os relatos de lideranças tóxicas, cobranças excessivas e falta de reconhecimento.

Lição de especialista

Sobre o assunto, oportunos são os ensinamentos de Rúbia Zanotelli de Alvarenga e Flávia Moreira Marchiori:

“O local de trabalho é o lugar onde o trabalhador passa a maior parte do seu tempo. Por este aspecto, dependendo da política administrativa e gestacional adotada pelo empregador, a sua conduta abusiva e ilícita poderá afetar a integridade psíquica do trabalhador. No local de trabalho, então, determinado pelo empregador, o empregado pode ser vítima de violências psíquicas enquanto desenvolve a sua atividade laboral, sendo que esta pode ocasionar prejuízo à saúde mental do empregado de modo a tornar o trabalho “adoecedor”, contribuindo para a formação de transtornos mentais relacionados ao trabalho, tais como o estresse e a Síndrome de Burnout.

De acordo com Simm (2008, p. 58), a realidade do Brasil demonstra que há muitas ocasiões em que o ambiente de trabalho, ao contrário de promover a dignificação da pessoa pelo exercício de uma atividade e de ser um local de bem-estar e de crescimento, transforma-se em espaço favorável à aquisição de enfermidades de toda ordem, inclusive, e especialmente, as que afetam a saúde mental do indivíduo. Desse modo, a subordinação do empregado ao empregador não pode levar à situação na qual os poderes que este exerce sobre aquele culminem por afetar a higidez física e psíquica do trabalhador”.

Transtornos mentais

A síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento físico, como também é conhecida, se origina principalmente pelo excesso de trabalho e em razão do labor sob pressão e responsabilidades contínuas, acarretando em diversas patologias físicas e psíquicas, tais como: cansaço físico e mental; dor de cabeça frequente; sentimentos de derrota e desesperança; insônia; pressão alta; sentimentos de fracasso e insegurança; alterações repentinas de humor; alteração nos batimentos cardíacos; dificuldades de concentração, dentre outros.

No ano de 2023, outro estudo revelou que 38% de todas as licenças concedidas pelo INSS no país são por transtornos mentais, o que causa uma preocupação para empresas, trabalhadores e, claro, para toda a sociedade.

Legislação

Do ponto de vista normativo no Brasil, a Constituição Federal de 1988 prevê, em diversos dispositivos, a saúde como um direito fundamental do trabalhador, conforme preceituam os artigos 6°, 7°, XXII, 194, 196, 200, II e VIII e 225. Já do ponto de vista internacional, a Convenção 155 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aborda as questões atinentes à segurança, à saúde dos trabalhadores e ao ambiente de trabalho.

Indubitavelmente, torna-se imprescindível que exista um equilíbrio saudável entre o trabalho e a vida pessoal. Nesse desiderato, é forçoso lembrar que alguns países possuem políticas públicas para favorecer o ambiente de trabalho, como é o caso da Dinamarca, em que existe uma relação de confiança entre a empresa e o trabalhador, pautada para além de benefícios concedidos que favorecem, ao final, a estabilidade emocional.

Tecnologia e adoecimento mental

Não se pode esquecer que, inobstante a tecnologia possa contribuir para o aumento de produtividade nas empresas, por certo os trabalhadores podem ficar sobrecarregados com o excesso de informações e dependência digital, causando uma maior dificuldade para as suas desconexões e, por conseguinte, contribuindo para os seus adoecimentos. O uso descomedido de telas, a exemplo de celular e computador, contribuem para o agravamento da saúde mental, trazendo impactos negativos e diversos malefícios.

Conclusão

Por isso, o assunto envolvendo a saúde mental ganha destaque nos tempos atuais, sendo fundamental a mudança de cultura e o investimento no bem-estar, físico e emocional, pois não há dúvida de que trabalhadores saudáveis e felizes propiciam, inclusive, uma melhoria na produtividade e na estabilização da rotatividade da equipe na empresa.

Em arremate, o Janeiro Branco é um convite à reflexão acerca da saúde mental no meio ambiente de trabalho, sendo que a promoção do bem-estar físico e psicológico deve continuar ao longo do ano. A realização de palestras, incentivos às práticas esportivas, medicina preventiva e investimento nas normas de saúde e segurança tudo são meios que podem contribuir para a melhoria do ambiente laboral. De igual modo, a realização de treinamentos e capacitação por profissionais qualificados podem auxiliar na erradicação do problema. Investir na prevenção, sem dúvidas, irá trazer uma melhoria não só no ambiente de trabalho, mas também na saúde financeira da empresa.

Fonte: Consultor jurídico

https://www.conjur.com.br/2025-jan-23/janeiro-branco-os-desafios-para-o-equilibrio-mental-no-ambiente-de-trabalho/

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