Vencendo pela educação: aluno aprendeu só e ajuda milhões pelo YouTube
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Metrópoles
Oportunidade
Partindo de uma situação financeira de poucos recursos, Felipe Araújo poderia, como outros com quem estudou, não conseguir o sonho de cursar o Ensino Superior. Mas, com muito esforço e a ajuda de criadores de conteúdo educacional do YouTube — os EduTubers —, acabaria por não apenas conseguir ser aprovado pelo Enem, mas criar um método para ensinar a todos como fazer o mesmo. Compartilhando a própria experiência por meio do canal dele do YouTube, Felipe acabou encontrando um negócio impulsionado pela economia criativa no YouTube.
“Um espaço complementar para apoiar crianças, adolescentes e adultos a terem melhor desempenho nos canais e métodos de educação formais”. É assim que a maioria dos pais e professores enxerga a plataforma: segundo levantamento da consultoria independente Oxford Economics como parte do Relatório de Impacto 2022 do YouTube no Brasil, 73% dos pais e 75% dos professores que usam o YouTube concordam que o YouTube ajuda a preencher lacunas educacionais ao fornecer uma maneira de acessar informações de qualidade.
E foi para preencher lacunas da escola que o jovem nascido e criado na periferia de Campina Grande, na Paraíba, buscou o YouTube. Felipe chegou ao fim do Ensino Médio, em 2016, com poucas perspectivas para o futuro. “Nunca tive uma educação forte”, lembra. “O resultado disso é que eu me formei sem saber fazer sequer uma conta de divisão. Naquele momento em que a gente decide o que vai fazer para o resto da vida, eu me formei sem nenhuma base para concorrer ao Enem. E sem condições financeiras de fazer um cursinho.”
Felipe – que é órfão de pai e cresceu dividindo a casa com mãe, tia, irmãs e primas – decidiu procurar um emprego. Não conseguiu. Resolveu então que o futuro era na educação, e estudaria para o Enem por conta própria. “Toda a minha preparação foi no YouTube”, conta ele, que se preparou acompanhando canais já bastante conhecidos, como ProEnem, Me Salva e Débora Aladim.
E ele não está sozinho em aprender pela plataforma. De acordo com a Oxford Economics, no quesito educação complementar, 92% dos professores que utilizam o YouTube alegam que levaram conteúdos da plataforma para suas aulas ou tarefas. E 98% dos usuários alegam usar o YouTube para obter informações e conhecimento.
Com essa ajuda, Felipe acabaria por criar uma metodologia de estudo própria. Que se provaria na prática: após seis meses, foi aprovado na universidade por meio do Enem. Assim surgiu o canal para trazer suas dicas e seu método a todos. “Fui a primeira pessoa da minha família a entrar para o curso superior. Desde o princípio, minha missão sempre foi democratizar a educação, haja vista que não existiam criadores de conteúdos para estudantes que, assim como eu, não conseguiam pagar pela educação.”
“Foi tudo muito rápido”, revela, sobre o primeiro vídeo. “Postei, fui dormir e, quando acordei, já tinha 100 mil views. A entrega do YouTube é incrível, e também acredito que as pessoas logo viram na minha história uma certa similaridade.”
Aos 25 anos, Felipe está cursando mestrado no Programa de Ciências Odontológicas na Universidade de São Paulo, em Bauru. Ele se lembra como foi a recepção: “Me assustei quando cheguei e vi que era uma estrela no campus: muitos alunos consumiram meu conteúdo e alcançaram a aprovação”.
Atualmente contando com mais de 770 mil inscritos em seu canal Felipe Araújo Edu (número que não para de crescer), o educador atribui o sucesso ao cronograma de estudos que criou, disponibilizado em links do canal, que hoje já alcançou quase 1 milhão de downloads, bem como a desmistificação de que o estudo é algo complicado. “Meu público é composto por pessoas que precisam trabalhar enquanto estudam, então é necessário mostrar que mesmo sem uma dedicação integral é possível ingressar na universidade e vencer por meio da educação.”
O canal daria origem a outro negócio: a plataforma Educacione: um plano de estudos que permite ao aluno se preparar de forma estratégica para o Enem de forma acessível, e já tem cerca de 40 mil alunos. “Hoje posso dizer que tenho uma empresa proporcionada pelo YouTube. O que era inicialmente um hobby tornou-se meu trabalho e transformou minha vida”, comemora Felipe.
O principal objetivo de Felipe, segundo ele, continua a ser ajudar a maior quantidade de alunos a alcançar a almejada vaga na universidade. Mas também prepara o novo passo: ajudar estudantes universitários a desenvolverem-se e seguirem a vida acadêmica, como ele próprio conseguiu.
“Percebo que, mesmo depois de aprovados, muitos alunos têm dificuldade de levar adiante o Ensino Superior por não saberem como estudar, por isso quero passar a produzir no meu canal conteúdos voltados para a universidade. Gostaria de ensinar ao aluno, por exemplo, a aprimorar uma escrita científica, construir um currículo sólido e desenvolver interesse pelos métodos científicos. Tenho o desejo de estimular o interesse dos estudantes a se tornarem pesquisadores.”
Felipe Araújo Edu
A economia criativa educacional do YouTube no Brasil
Casos como os de Felipe demonstram a força econômica e o impacto social da plataforma de vídeos mais popular do Brasil. Incluindo não só os criadores, mas também usuários e anunciantes, o impulso à economia criativa gerada por meio do YouTube ajudou a gerar mais de 140 mil empregos.
São posições de trabalho criadas de forma direta, por pagamentos aos próprios criadores pela audiência, que podem com isso sustentar as famílias, contratar funcionários ou agências para auxiliar no trabalho e realizar sonhos. E também de forma indireta, por meio de contratos de publicidade e produção, vindos da exposição gerada por esses criadores. O comércio também é aquecido pela venda de equipamentos, como câmeras e iluminação para a produção para o YouTube.
No total, o ecossistema criativo do YouTube adicionou R$ 4,55 bilhões à economia brasileira em 2022.
Os números são fornecidos pela consultoria independente Oxford Economics, com sede na Inglaterra.
Você pode entender em detalhes no Relatório de Impacto 2022 do YouTube no Brasil
Felipe é um dos criadores a quem o YouTube ajudou a ampliar sua voz e encontrar seu espaço na economia criativa. Ao longo desta semana, traremos casos de brasileiras e brasileiros contando como, ao fazerem parte da economia criativa por meio do YouTube, um rumo diferente surgiu para sua vida e para suas comunidades.
