Veja 3 lições sobre finanças do autor do best-seller ‘A Psicologia Financeira’
Redação
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“A Psicologia Financeira”, de Morgan Housel, lidera a lista dos livros mais vendidos sobre finanças na Amazon brasileira. É figurinha carimbada em recomendações dos principais livros de investimentos, ao lado de obras clássicas. Ao contrário do que muitos imaginam, o livro fala mais sobre o comportamento humano do que sobre dinheiro. Housel é um grande contador de histórias, à parte de sua longa experiência com investimentos. E é categórico ao dizer: obter sucesso financeiro tem muito mais a ver com como você se comporta do que com números.
“Não é algo que se pode ensinar ou colocar uma planilha”, diz. Por isso mesmo, seus livros focam em “contar historias de pessoas reais e como elas lidam com risco e dinheiro, para entender a psicologia do dinheiro”. Porque entender o comportamento nos ajuda a tomar melhores decisões.
Questionado sobre qual seu próximo best-seller, depois de “A Psicologia Financeira” e “O Mesmo de Sempre”, Housel ri e diz que não pode saber, de antemão, o que será um sucesso. “A primeira tiragem de ‘A psicologia financeira’ foi de 5 mil, e eu ficaria muito feliz de vender aquelas 5 mil cópias. Agora, já foram 7 milhões”, conta.
1. A forma mais rápida de ficar rico é ir devagar
“Essa história não é sobre dinheiro, é sobre árvores”, diz Housel. “Quando uma arvore é pequena em uma floresta, está pela coberta de sombra das outras árvores e não recebe muita luz, então cresce muito devagar. Mas crescer devagar faz com que ela cresça forte”. Ao contrário, se alguém planta essa mesma árvore em um ambiente com muita luz, ela chega a crescer 10 vezes mais rápido, conta ele. Mas a planta morre muito mais rápido. “Isso acontece várias situações na natureza, quando você tenta acelerar o crescimento, ele vem às custas da durabilidade”.
Isso é verdade, defende Housel, também nos investimentos. Como exemplo, ele falou sobre Rick Guerin. Rick não ficou tão famoso quanto seus colegas Warren Buffett e Charlie Munger, mas participou dos primórdios da gestora Berkshire Hathaway. Os três compravam as mesmas ações. A diferença é que para investir, Rick pegava empréstimos em bancos e, com o tempo, foi forçado a vender suas posições para pagar seus credores.
Sobre seu colega, Buffett já comentou: “Charlie [Munger] e eu sempre soubemos que ficaríamos ricos. Não tínhamos pressa. Rick era tão esperto quanto nós, mas estava apressado”.
Housel resume: “Não é sobre quanto você é espero, é quanta paciência você tem”. Segundo ele, “a pergunta mais importante não é qual o maior retorno posso ter, mas qual o maior retorno que eu posso ter pelo maior tempo possível”. Para ter sucesso financeiro, “é preciso estar na média pelo maior período possível. É sobre durabilidade e perseverança”, afirma. “E isso é muito mais fácil e menos estressante” do que buscar o melhor retorno a cada ano.
2. O ativo mais valioso que você pode ter é não precisar impressionar ninguém
Para tomar as melhores decisões financeiras, Housel diz que é preciso pensar nas razões por trás delas. “Quanto você gasta com seu carro, casa ou joias, está fazendo isso para você ficar feliz, ou para chamar a atenção das outras pessoas?”, questiona ele. É importante, defende Housel, entender qual vida você quer viver, e direcionar suas decisões com esse objetivo.
“Você deve se perguntar se está buscando bater um benchmark externo, para buscar atenção dos outros, ou um benchmark interno, para satisfazer o que você quer da vida”, afirma.
3. O poder das expectativas
Em entrevistas, o astrofísico Stephen Hawking comentava o quanto estava feliz e satisfeito com sua vida, conta Housel. Em uma ocasião, o entrevistador o perguntou: “como você é tão feliz na sua condição?”. Aos 21 anos, Hawking começou a sentir os primeiros sinais de Esclerose Lateral Amiotrófica. Ao longo dos anos, perdeu progressivamente o controle dos movimentos do corpo. Sua resposta a essa pergunta, foi: “Aos 21 anos minhas expectativas foram a zero, tudo depois disso foi um bônus”.
Isso, para Housel, mostra o quanto as expectativas são essenciais para modular a sua felicidade e satisfação com a vida. O autor de “A Psicologia Financeira” também usa o exemplo da “década de ouro” dos Estados Unidos na economia.
Segundo ele, na percepção da população, o pico de prosperidade dos EUA foi na década de 1950. No entanto, avaliando os mais diferentes parâmetros econômicos – como renda familiar média, tamanho médio de imóveis, relação entre renda e preço de imóveis, porcentual da renda gasto com alimentos, aposentadoria e emprego – a situação econômica hoje é melhor.
Para ele, há duas explicações para a sensação de que a década de 1950 foi a melhor. A primeira é a comparação com as duas décadas anteriores, marcadas pela 2ª Guerra Mundial. Em segundo lugar, diz Housel, “por um curto período de tempo, naquela época, a desigualdade econômica nos EUA foi muito pequena. Não havia bilionários, nenhum CEO ganhando centenas de milhares de dólares por ano. Não há uma medida objetiva de riqueza, tudo é comparativo com o que as outras pessoas têm, e nos anos 50, as pessoas sentiam que estavam pelo menos tão bem financeiramente quanto as outras”, diz. “Mesmo que tivessem menos que hoje, elas não queriam mais do que tinham”.
“Se sua renda dobra, mas suas expectativas mais que dobram, você não se sente melhor. Se sua expectativa cresce mais rápido que sua renda, você nunca está feliz”, resume. “A palavra mais importante em finanças é ‘o suficiente’. Entender o que é suficiente não é não ter aspiração por mais. Mas é regular suas expectativas”.
“Ninguém está pensando tanto em você quanto você mesmo. As pessoas estão preocupadas com elas mesmas. Quando entende isso, quando começa a usar o dinheiro como uma ferramenta para conseguir uma vida melhor, a ideia de suficiente fica mais fácil de entender”, conclui.
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Fonte: IstoÉdinheiro