Rainer Cadete e filho lançam livro sobre racismo estrutural


15/09/2024 às 08:03
Redação

Veja

Olhares de surpresa denunciam a todo instante em nossa sociedade o racismo estrutural herdado da escravidão e manifestado sob diversas formas de intolerância e de desigualdade. Rainer e Pietro Cadete, pai e filho narram no livro “Olhares que Filtram”, escrito a quatro mãos, os desafios enfrentados em suas vivências diárias, cada um à sua maneira, e como, em seus respectivos lugares de fala, procuram se defender ou se fortalecer diante de atitudes racistas dissimuladas e não menos cruéis quando explícitas sem filtros. Uma travessia de amor, descobertas e respeito mútuos onde as diferenças passam a ser inspiradoras.

Rainer Cadete e Pietro lançam o livro com experiências vividas de respeito e encorajamento oficial,mente na 27ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, pela Mood, novo selo do Grupo Ciranda Cultural. Uma sessão de autógrafos ocorrerá neste sábado, 14 de setembro, às 14h, estande C50.

Momentos impactantes do livro

Pietro é fruto de uma relação amorosa de pais de colorações diferentes; Rainer é branco e Aline, a mãe, retinta. Em suas narrativas Pietro conta ao leitor como foi construindo sua consciência de cor, de raça e de lugar numa sociedade pautada pela ideologia do branqueamento. “A primeira vez que me chamaram de macaco foi em uma aula de matemática, numa quarta-feira. Impossível esquecer a data. Um colega de sala sacou uma foto de um macaco, enfiou o dedo na minha cara e disse ‘Olha, Pietro, não sabia que você escalava tão bem’”.

Pietro ficou sem reação embora o seu corpo manifestasse o sentimento da exclusão. Pietro tinha pouco mais de três anos quando me perguntou: “Papai, eu sou negro?”. Fiquei em alerta. Eu não sabia por que ele estava me fazendo aquele tipo de pergunta. Não sei se eu tinha maturidade e consciência da importância do assunto na vida dele para responder. Fiz como minha intuição mandou. “Sim, você é negro”, confirmei. Falei que ele era fruto do amor entre o pai branco e a mãe negra.

Que ele vivia numa família composta de membros de diferentes raças e que havia herdado tanto características minhas quanto da mãe dele. Um sinal se acendeu em minha mente. Sempre tive consciência das dificuldades de um negro em nossa sociedade. E agora eu estava diante do meu filho, do maior amor da minha vida, que ainda não tinha idade para compreender as dificuldades que teria, mas já questionava sua cor.

Mesmo sabendo que não poderia amenizar ou até mesmo evitar a dor de seu filho, Rainer agia como pai sendo solidário, amoroso e apontando caminhos para que Pietro se sinta valorizado e construa sua identidade baseada em confiança. Escrito com os corações abertos, “Olhares que Filtram” é um duo consistente de resiliência e de amor entre pai e filho e ressalta a importância da família na formação de uma consciência antirracista.

Fonte: Ofuxico

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