Repelente de tomada pode fazer mal à saúde. Saiba evitar riscos
Redação
Entenda
Você sente que não dorme tão bem quando está em um ambiente com repelente de tomada? Provavelmente, você está usando o equipamento incorretamente. Durante a atual epidemia de dengue no país, que registrou 740.942 casos suspeitos até essa quinta (22/2), este tipo de produto se tornou ainda mais frequente nas casas dos brasileiros. Para combater o Aedes aegypti sem prejudicar o próprio organismo, porém, é preciso ter cuidado.
Os repelentes elétricos liberam doses constantes de um odor que é desagradável para os mosquitos, evitando a entrada deles nos cômodos. A maioria é fabricada com compostos de piretróides, um inseticida sintético que usa substâncias encontradas nos crisântemos para manter os insetos afastados do ambiente. O componente, porém, pode causar alergias.
O médico toxicologista e patologista clínico Alvaro Pulchinelli, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clinica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), alerta para alguns dos efeitos colaterais que podem ser experimentados durante o uso dos repelentes de parede.
“Algumas pessoas podem apresentar reações alérgicas, irritações na pele e na garganta, problemas respiratórios ou até mesmo quadros de espirro e tosse ao entrar em contato com os compostos, mesmo em concentrações menores, mas especialmente diante de superexposições. Crianças, idosos e indivíduos com sensibilidades pré-existentes podem ser ainda mais suscetíveis a esses efeitos”, afirma.
O infectologista Marcelo Daher, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), ressalta que as doses de inseticida emanadas por estes equipamentos são baixas, mas podem sim trazer efeitos colaterais a pessoas com mais sensibilidade, como quem tem asma, por exemplo.
“Recomendamos que indivíduos com algum problema respiratório que não usem, ou utilizem com parcimônia, para evitar a reação alérgica”, completa.
Posso dormir com repelente de tomada?
Como os equipamentos emitem doses de inseticida, a recomendação médica é manter os ambientes ventilados e deixar o repelente preferencialmente próximo a portas e janelas.
“Mantendo a ventilação, se evita o risco de exposição excessiva. Além disso, devemos seguir as instruções do fabricante em relação à quantidade de tempo que o repelente pode ficar ligado. Em geral, ele deve ficar de 8 a 12 horas na tomada”, explica Pulchinelli.
Como usar corretamente?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autoriza que os repelentes sejam usados em qualquer ambiente doméstico, desde que fiquem a uma distância de, no mínimo, dois metros das pessoas. No caso de uso noturno, durante o sono, a referência deve ser a distância da cabeceira da cama até a tomada, completa o presidente da SBPC/ML.
Para indivíduos mais sensíveis aos compostos, a recomendação é moderar o uso: “A pessoa pode utilizar o inseticida no quarto enquanto ela não estiver lá e retirar o produto da tomada quando for dormir, para evitar a exposição excessiva, por exemplo”, orienta Daher.
Além disso, pode-se utilizar outras estratégias que espantam o mosquito, como ventilador e ar condicionado, até mesmo combinando suas ações para permitir o uso moderado do inseticida. “Com essa ventilação, mesmo que artificial, o ar circula mais intensamente, dificultando a movimentação do mosquito”, conclui o infectologista.
Fonte: Metrópoles