Quando o desenho fala: acolhimento imediato diante de sinais de sofrimento


02/12/2025 às 13:57
Redação

ALERTA

A infância e a adolescência são fases repletas de descobertas emocionais e mudanças comportamentais. Diante da dificuldade natural que crianças e adolescentes têm para expressar verbalmente o que sentem, é comum que recorram a desenhos, textos ou atitudes para demonstrar incômodos e conflitos internos. Para pais, responsáveis e educadores, reconhecer esses sinais é fundamental — e saber como agir diante deles é ainda mais importante.

A psicóloga Évila Aquino, gerente de assessoramento de atendimento da Defensoria Pública de Mato Grosso (DPEMT), explica que a primeira reação dos adultos deve ser sempre baseada no acolhimento, nunca em cobranças ou julgamentos.
“O ideal é conversar de forma tranquila, sem pressionar, buscando entender se a criança deseja falar sobre o que produziu. Também é essencial observar outras mudanças de comportamento, como isolamento, queda no rendimento escolar ou medo excessivo”, afirma.

Segundo Évila, ao identificar qualquer sinal, o adulto deve comunicar imediatamente a direção da escola ou o responsável legal, descrevendo o que foi observado de maneira objetiva, sem interpretações pessoais.

Rede de proteção deve ser acionada diante de sinais de violência

A psicóloga reforça que, em casos que indiquem violência física ou psicológica, a orientação é buscar avaliação profissional e acionar, sem demora, os órgãos de proteção.
“Apenas um profissional pode confirmar situações de violência. Se houver suspeita de risco iminente, é necessário acionar o Conselho Tutelar ou os serviços de proteção. O papel do professor ou familiar é de acolher e encaminhar, não de investigar”, destaca Évila.

Para denúncias, os principais canais são:

  • Disque 100 – recebe denúncias anônimas de violações de direitos humanos, 24 horas;

  • Disque 180 – Central de Atendimento à Mulher, também acionada em emergências envolvendo crianças;

  • 190 – Polícia Militar, para casos de risco imediato.

Exposição “Desenhos que Falam” amplia debate sobre violência doméstica

Até 18 de dezembro, o setor de acolhimento dos Núcleos Cíveis da DPEMT, em Cuiabá, abriga a exposição “Desenhos que Falam: percepções sobre a violência doméstica”, que reúne produções de alunos do 5º ao 9º ano da rede estadual. A iniciativa do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) nasceu após defensoras públicas visitarem escolas durante as ações do Agosto Lilás, campanha nacional de combate à violência contra a mulher.

As defensoras Rosana Leite e Zanah Figueiredo Carrijo ficaram impactadas pelos desenhos das crianças e adolescentes e decidiram trazer as obras para um espaço público de reflexão.
“Esses desenhos se comunicam conosco. Mostram como a violência de gênero afeta profundamente as crianças e adolescentes. A sociedade precisa refletir mais. A Lei Maria da Penha completou 19 anos, mas o enfrentamento à violência não pode parar”, afirmou Rosana.

A exposição busca provocar debate, estimular empatia e reforçar a importância de combater a violência doméstica dentro e fora da escola — e de estar sempre atento aos sinais silenciosos emitidos por crianças e adolescentes.

0 comentários


Deixe um comentário

Seu endereço de e-mail não será publicado. Os campos obrigatórios estão marcados *


Veja mais:


  • Política MT - Vereadores confrontam líder da prefeita por falsas declarações sobre emendas de Coronel Assis
  • Mato Grosso - Operação prende dois suspeitos por venda ilegal de anabolizantes em Rosário Oeste
  • Brasil - Governo quer conectar todas as escolas públicas à internet até 2026
  • Política MT - Wanderley Cerqueira recebe Moção de Aplauso na Assembleia Legislativa
  • Brasil - Apostas online geram prejuízo de R$ 38,8 bilhões ao Brasil, aponta estudo
  • Política MT - Mauro Mendes endurece discurso e reforça tolerância zero contra invasões em MT
  • Geral - Municípios reforçam papel no diagnóstico e tratamento do HIV no Dezembro Vermelho
  • Brasil - Contran aprova novas regras e simplifica processo para obter a CNH
  • Brasil - BC lança ferramenta para bloquear abertura de contas em seu nome
  • Política Brasil - CPMI do INSS deve ser prorrogada por mais 60 dias para aprofundar investigação