Líderes do CV de MT pagam até R$ 80 mil por abrigo em favelas do Rio
Redação
Segurança Pública
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Ao menos 15 integrantes do Comando Vermelho de Mato Grosso estão escondidos em comunidades do Rio de Janeiro, onde pagam valores que chegam a R$ 80 mil por mês para garantir abrigo e proteção de outras facções. A informação é resultado de investigações conduzidas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do Ministério Público estadual.
Os criminosos, segundo o órgão, desembolsam cerca de R$ 50 mil em dinheiro e complementam o valor com o envio de fuzis — cada arma avaliada entre R$ 20 mil e R$ 30 mil. As trocas ocorrem entre membros do CV mato-grossense e traficantes de comunidades como Rocinha, Penha, Vidigal e Complexo do Alemão, áreas dominadas pelo tráfico e consideradas refúgio seguro para foragidos.
“Eles foram para o Rio porque aqui a polícia entra em qualquer lugar. Lá, não. É um território dominado, como a Faixa de Gaza — o Estado não tem soberania”, explicou o promotor-chefe do Gaeco, Adriano Roberto Alves.
A Secretaria de Segurança Pública do Rio confirmou que atua de forma integrada com outros estados para conter a migração de criminosos. Segundo a pasta, apenas na Operação Contenção, 100 suspeitos foram presos e 117 mortos, entre eles, 62 de fora do estado — um de Mato Grosso.
O Comando Vermelho domina hoje cerca de 95% do território mato-grossense, com forte presença em Cuiabá e Várzea Grande. Estima-se que a facção movimente mais de R$ 1 milhão por mês e tenha cerca de 10 mil membros.
Entre os foragidos estão nomes de destaque como Jonas Souza Garcia Júnior, o Batman, principal liderança fora das prisões, condenado a 49 anos; Angélica Silva Saraiva de Sá, a Angeliquinha, que chefia o grupo no norte do estado; e Jéssica Leal da Silva, a Arlequina, líder em Juína. As duas últimas fugiram juntas da Penitenciária Feminina Ana Maria do Couto, em Cuiabá, e estariam abrigadas no Rio.
O Gaeco monitora o deslocamento das lideranças e afirma que as relações entre as facções envolvem trocas de abrigo, armas e drogas. “Eles pagam caro por essa proteção e, em troca, continuam mandando no tráfico em Mato Grosso, mesmo à distância”, completou o promotor.