Disputa ao Governo de MT em 2026 embaralha alianças e ameaça pré-candidaturas consolidadas
Redação
ELEIÇÕES
O avanço das conversas entre o governador Mauro Mendes (União Brasil) e o Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem embaralhado o tabuleiro político para as eleições de 2026 em Mato Grosso e ameaça pré-candidaturas que, até pouco tempo, pareciam consolidadas. Entre os mais afetados estão o vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos) e o senador Jayme Campos (União Brasil), ambos com pretensões na majoritária.
Com o PL demonstrando preferência pelo nome do senador Wellington Fagundes para a sucessão de Mendes no Governo do Estado e pelo deputado federal José Medeiros para uma das vagas ao Senado, a possível coligação entre União Brasil e PL pode deixar aliados históricos de fora. Pivetta, vice desde 2019, enfrenta dificuldades para se viabilizar politicamente dentro do próprio grupo governista, que não formalizou apoio à sua candidatura. Jayme, por sua vez, esbarra na falta de espaço na composição com o PL, que já teria a chapa majoritária praticamente definida.
Mauro Mendes, que tem evitado compromissos partidários formais, tem se movimentado nos bastidores. Mesmo sem sucesso nos diálogos com Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do PL, para uma possível filiação sua ou de Pivetta, o governador tem sinalizado simpatia à candidatura de Fagundes ao Palácio Paiaguás. Líderes do PL no estado, como Abilio Brunini, José Medeiros e Ananias Filho, já articulam publicamente essa composição.
Caso Mendes venha a disputar uma das vagas ao Senado — possibilidade considerada real caso ele se desincompatibilize em 2026 — a tendência é que Pivetta assuma o Governo, mas fique fora da disputa, e Jayme também não consiga espaço na chapa. Ambos estariam no exercício do mandato, mas politicamente isolados.
A conjuntura também afeta outros nomes relevantes. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), atualmente licenciado do Senado, é nome certo na disputa majoritária e conta com o apoio do PT, com quem já articula uma aliança. Do outro lado, a deputada estadual Janaina Riva (MDB), que assumirá o comando do partido no segundo semestre, também se apresenta como forte candidata ao Senado e pode ser peça decisiva nas articulações para o governo.
O Republicanos de Pivetta e o MDB de Janaina negociam uma federação, o que pode gerar uma chapa alternativa, ainda em construção. No entanto, ambos enfrentam resistências do grupo ligado a Mauro Mendes, principalmente após o distanciamento político entre o governador e Janaina nos últimos anos.
Outro nome que permanece no radar é o do produtor rural Antônio Galvan (DC), que recebeu mais de 300 mil votos ao Senado em 2022. Apesar da proximidade com Bolsonaro, Galvan foi vetado no PL, mas segue como potencial candidato, especialmente se conseguir atrair parte do eleitorado conservador insatisfeito com as articulações entre União Brasil e PL.
Com tantos nomes e poucos espaços disponíveis, a disputa promete ser uma das mais fragmentadas da história recente do estado. Até o encerramento do primeiro semestre de 2026, prazo legal para definições partidárias e desincompatibilizações, o cenário continuará em intensa movimentação — e com muito espaço para surpresas.
Apesar da tradição de vitórias em primeiro turno nas eleições estaduais, o quadro de 2026 poderá ser diferente, dada a complexidade das alianças e a diversidade de candidaturas colocadas. O único consenso, por enquanto, é que ninguém tem espaço garantido.