Artigo: É um crime a violência política de gênero vivida pela prefeita de Várzea Grande “Mexeu com uma mexeu com todas”


27/03/2025 às 08:50
Larissa Malheiros

Revoltante!

A frase "Mexeu com uma, mexeu com todas" surgiu de uma campanha contra o assédio sexual que envolveu atrizes brasileiras, se tornando assim um lema e símbolo da sororidade. Agora estou revivendo o bordão, para não deixarmos passar em hipótese alguma a violência de gênero política e misógina que a atual prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti, está vivendo.

Para ilustrar e todos saberem o porquê cheguei neste assunto, vamos lembrar, até porque não é segredo para nós Várzea-Grandenses, que na última semana houve um conflito interno entre gestores do município. Situação essa que deve ocorrer por vários motivos e não cabe a nós julgarmos os lados e sim torcer para que se acertem e assim nossa cidade prospere.

No entanto, estão aproveitando desta situação para desconstruir a imagem de uma mulher, e isso não pode passar despercebido e como mulher não posso ficar calada. Senti na pele a misoginia quando percebi o grito de vitória na garganta de alguns políticos e também sociedade por causa do possível rompimento da prefeita e do vice Tião da Zaeli. Comentários maldosos, tipo: “Isso que dá votar em mulher”, “Infeliz do dia que o povo escolheu uma mulher sem experiência nenhuma para prefeita” ou  “Tem que ser cassada e aprender o que é ser política, não sabe o que está fazendo na prefeitura”.

Naquele momento me senti frágil, me deu um grande mal estar, ânsia de vômito e corri para casa porque não estava acreditando nas coisas que ouvi e não aceitava que naquele momento, não falei nada. Pois eram tantos os homens em minha volta rindo, fazendo piada sobre o assunto, zombando, que não sei se senti medo ou vergonha, porque eu era a única mulher na roda e totalmente sem forças para retrucar.  Pude sentir a dor da Flávia como mulher que estava recebendo uma enxurrada de críticas, mas não sobre sua gestão, mas por ser mulher e ter entrado na política.

Cheguei em casa e percebi que eu mesmo tinha cometido misoginia naquele momento, por não defender o nosso espaço enquanto mulher na política e na sociedade. Por isso, resolvi escrever este artigo, e reconhecer o quanto estamos sendo injustos com nós mesmos em não abraçar e dar a mão para outra mulher que tem passado por dificuldades. Não podemos simplesmente fechar os olhos e entrar na onda dos homens que não respeitam a mulher em altos cargos, precisamos ser estímulos para outras que também querem vencer e conquistar seu espaço de alguma forma, seja a mulher prefeita, vereadora, comerciante, jornalista, vendedora, dona de casa, feirante, entre outras.

Flávia Moretti

Acredito que todas as mulheres que sejam da política ou não precisam aplaudir a trajetória da prefeita de Várzea Grande.

Escolher enfrentar todos que estão na política há anos é uma decisão para os fortes. Conheço Flávia há mais de 10 anos, e por várias vezes inclusive agora como prefeita eu questionava o porquê dela escolher uma postura mais firme, enérgica como gestora municipal, fui uma das que posicionou contra sua postura, e hoje, após me deparar com esses comentários, consigo olhar de outra maneira. Este perfil é necessário para enfrentar o machismo estrutural que ainda se encontra em nossa sociedade.

Fiz um paralelo com a minha vida, muitos me avaliam como uma pessoa dura, alguns confundem seriedade com arrogância e já fui julgada muitas vezes por ter este perfil. Por isso, hoje sei que deve ser muito difícil comandar um município, que está arrodeado de homens também no poder, e por muitas vezes não aceitam serem comandados por uma mulher.

Atualmente busco entender que uma mulher que está na situação de chefe do executivo municipal enfrenta preconceitos extensos e seguidos de desrespeitos, fato desolador e desestimulante. E se eu como mulher ficar calada e não falar nada, que tipo de respeito quero que a sociedade tenha por nós mulheres? Que valor e espaço iremos alcançar?

Não estou escrevendo para romantizar, vitimizar e muitos menos tirar a responsabilidade que Moretti tem pelo nosso município, mas para que toda mulher que ler este artigo possa reconhecer que somos mais do que um cargo, somos mais do que um elogio, somos o que escolhemos ser. Sendo assim, manter-se firme e forte é nossa missão para não sermos atropeladas pelo sistema. E digo mais, Moretti independente das suas escolhas, sendo certo ou errado, o melhor do avaliar a rota é reconhecer se precisa mudar se tiver que mudar o caminho, mude, se tiver que ceder, ceda, isso não tira o valor e a representatividade que temos sua no executivo, como mulher.

Além disso, ser mulher é ter a sensibilidade de saber lidar com todos, e entender que nossa sabedoria está acima do poder, do ego e da vaidade dos outros.

Gestão Municipal

É claro que tudo que descrevo aqui não exime os erros e acertos cometidos pela gestão. Sabemos o quanto nosso município precisa avançar, mas precisamos ser cautelosos com nossas críticas, é necessário sermos justos e oportunizar a nova gestão para que realizem os feitos. Tive que ouvir dos misóginos que Flávia era uma mulher dondoca cheio de caprichos e não estava preocupada com Várzea Grande, porque até o momento não teria feito nada.

Então eu pergunto: Imagina ter que organizar uma casa que tem dívidas astronômicas e não arrecada o suficiente para arcar com as despesas. Será que você ajustaria tudo isso  em tempo recorde ? Pessoal são apenas três meses de gestão, é justo julgar em tão pouco tempo? Como cidadã acho que todos precisam dar uma chance para nova gestora colocar nosso trem nos trilhos, caso mais pra frente não visualizarmos avanço, vamos cobrar, vamos apontar os erros e caso avance vamos aplaudir.  Este é o nosso dever como morador desta cidade.

Julgar uma pessoa por ser mulher não é certo, se ela está no comando foi escolhida para gerenciar merece ser respeitada.

Mulheres de Várzea Grande não entrem na onda do machismo que é preconceito cultural que favorece os homens em detrimento das mulheres. Vamos nos unir contra este tempo em que mulheres não podiam nada e que precisa ser extinto dos dias atuais. Não podemos após 30 anos que conquistamos o direito ao voto deixar que a cultura machista desabone uma de nós. Vamos dar as mãos para a prefeita Flávia Moretti e deixar o voto de confiança que nossa cidade vai melhorar, e que podemos juntas fazer mais por todas que precisam de ajuda, porque Mexeu com uma mexeu com todas!

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