Rebaixada, Unidos de Padre Miguel recorre contra notas e denuncia racismo religioso
Redação
Carnaval
A Unidos de Padre Miguel (UPM), escola de samba da Zona Oeste do Rio de Janeiro, entrou com um recurso na Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) para contestar as notas recebidas no desfile deste ano. A agremiação foi rebaixada para a Série Ouro e questiona a penalização imposta por um “excesso de termos em iorubá” no samba-enredo. O tema do desfile contava a história de personagens do povo iorubá, incluindo a trajetória da princesa Iyá Nassô.
A escola classificou a decisão como um caso de racismo religioso e recebeu apoio do presidente da Liesa, Gabriel Davi. “Acho que a UPM foi mal julgada. A escola apresentou um requisito que foi aceito. Será feita uma plenária com todas as 12 escolas”, disse Gabriel em entrevista ao Multishow. Ele reforçou que a UPM terá espaço para manifestar sua indignação e repudiar a situação.
A vermelho e branco argumentou que o uso do iorubá era essencial para a narrativa do enredo e para transmitir a força do Axé da Casa Branca, além de ser um elemento fundamental na resistência cultural de Iyá Nassô.
A jurada Ana Paula justificou a retirada de três décimos na avaliação do samba-enredo. Um décimo (-0.1) foi descontado pelo “excesso” de palavras em iorubá, outro décimo (-0.1) por uma possível ambiguidade ao tratar do retorno de Obatossi — se para a Bahia ou para a África — e o último décimo (-0.1) foi retirado na melodia, por não apresentar inovações na linguagem do samba-enredo.
A decisão gerou ainda mais controvérsia porque a jurada não fez o mesmo tipo de desconto para a Imperatriz Leopoldinense, que também teve um enredo baseado na cultura iorubá, nem para a Mangueira, que utilizou termos do tronco banto em seu samba.
Fonte: Terra